domingo, 17 de janeiro de 2010

15. PIAGET, Jean. Para onde vai a educação?. Rio de Janeiro: José Olimpio, 2007.

“Afirmar o direito da pessoa humana à educação é assumir uma responsabilidade muito mais pesada do que assegurar a cada um a capacidade de ler, escrever e contar. É garantir a toda criança o inteiro desenvolvimento de suas funções mentais e a aquisição de conhecimentos e valores morais correspondentes ao exercício de suas funções, até adaptação à vida social atual”.
Essa obra de Jean Piaget trata de compreender a forma como a criança adquire o conhecimento lógico-matemático. Piaget lecionou nas Universidades de Genebra e de Paris. Preocupava-se com vários temas voltados ao ensino das Ciências, inclusive o da gratuidade do ensino e de uma educação voltada para o pleno desenvolvimento da personalidade humana, levando em consideração a diversidade dos povos. Essa obra está dividida em duas partes.. A primeira parte é uma retrospectiva da educação, que tem a finalidade de mostrar a necessidade da transformação no modo de ensinar, a partir da compreensão da forma lógica de aprender dos alunos.
“Qualitativo e quantitativo”Piaget demonstra as diferenças individuais de aptidão do aluno para determinados saberes, enfatizando que o fracasso escolar está muito mais ligado à rápida passagem que os professores fazem do aspecto qualitativo (lógico) para o quantitativo (numérico). Ele mostra que a prática do ensino deveria utilizar o método ativo, por meio do qual a criança vai reconstruir e reinventar, não somente transmitir informações ao aluno. Portanto, o professor não deve se limitar ao conteúdo específico de sua disciplina, mas deve conhecer como ocorre o desenvolvimento psicológico da inteligência humana.
Experimentação:
O problema geral da Educação está focado na formação dos professores, que é o aspecto de real mudança em qualquer reforma pedagógica.
Na segunda parte, ele aborda a questão dos direitos expressos na “Declaração Universal dos Direitos do Homem”, em que lhe é assegurado o pleno direito à educação e na qual os pais podem escolher o tipo de educação que desejam para seus filhos. Piaget advoga que esse direito não se restringe ao "pleno direito à educação" mas que esta seja uma educação de qualidade e voltada para o pleno desenvolvimento da personalidade humana, levando em consideração a paz entre as várias nações. Para o desenvolvimento do ser humano é preciso atentar para os dois fatores que o condicionam: os fatores da hereditariedade e adaptação biológicas, e os fatores de transmissão ou de interação sociais. O autor ressalta a diferença entre as sociedades humanas e as sociedades animais, sendo que as principais condições sociais humanas são as técnicas de produção e a linguagem, que possibilita gerar os costumes e as regras. A concepção de que a lógica do conhecimento seria inata no indivíduo foi quebrada com as pesquisas piagetianas, cujos resultados apontaram que essa lógica se constrói na interação do sujeito com o meio, como um processo de desenvolvimento natural. Assim, a educação passa a ser vista como fundamental para a formação do desenvolvimento natural do indivíduo.
O autor reflete sobre como a criança, até seus sete anos, e conforme sua nacionalidade, tem como responsável pela sua educação a família e não a escola. Com isso, o autor quer nos lembrar que a família não deve ter somente o papel formador e a escola o papel de informar o aluno, mas que a escola, que também é responsável em educar, não fosse separada da vida.
Discutindo o direito à educação, de acordo com o autor, na página 36,
"... é preciso não se deixar iludir: tal situação de direito não poderia ainda corresponder a uma aplicação universal da lei, já que o número de escolas e de professores permanece insuficiente relativamente à população em idade escolar...".
Piaget vem mostrar que o direito por si só não é o bastante, e que a gratuidade somente do ensino de primeiro grau, com um olhar de justiça social, não passa de uma mera afirmação social. Entretanto, para ele, não basta ampliar o ensino de primeiro grau e implantar o segundo com caráter gratuito, mas é preciso também implementar uma relação aluno/escola/aprendizagem, em que haja tarefas que levem o aluno a compreender e participar ativamente da vida social.
Com relação aos pais, o autor reflete sobre como a família vem perdendo seu poder de escolha e controle para o Estado; há famílias constituídas por bons pais e outros nem tanto. Ao lidar com os pais, principalmente quando da aplicação dos métodos ativos, deve-se levar em consideração que é mais fácil a estes compreenderem os métodos antigos do que uma nova proposta.
A educação não deve se prestar a moldar o aluno de acordo com um modelo condizente com as gerações anteriores, mas em formar-lhe a personalidade.
A respeito da educação moral, unicamente a vida social entre os próprios alunos, isto é, um autogoverno levado tão longe quanto possível e paralelo ao trabalho intelectual em comum, poderá conduzir a esse duplo desenvolvimento de personalidades, donas de si mesmas e de respeito mútuo.
Mostra ainda que a questão da educação internacional é muito delicada, pois deve levar em consideração as variadas culturas. O intercâmbio intercultural entre as sociedades faz-se principalmente pelo respeito aos diferentes grupos étnicos que a formam, de forma a conduzir a humanidade a uma paz mundial. Para isso é preciso levar em conta qual método deve ser aplicado para fazer de um indivíduo um bom cidadão. As ciências mostram o quão profundamente está enraizada a atitude egocêntrica no ser humano, e o quanto é difícil dela se desfazer, tanto pelo cérebro quanto pelo coração.
O pensamento de Piaget, expresso nesse livro, leva-nos a refletir sobre a forma como a escola e a sociedade vêm lidando com a educação dos indivíduos, na qual, muitas vezes, não se leva em consideração a forma como estes desenvolvem sua inteligência. Mais grave ainda é a formação dos professores, que não foram desenvolvidos dentro de um processo ativo. Como esse docente, assim formado, poderá ensinar seus alunos se ele mesmo não sabe como acontece a passagem do processo quantitativo para o qualitativo?
Esta obra é indicada para todos os profissionais da educação que buscam entender um pouco mais sobre como se desenvolve o pensamento humano e refletir sobre como se poderá agir dentro de um processo educacional voltado ao desenvolvimento pleno da pessoa e da sociedade.
Questões
1) “Afirmar o direito da pessoa humana à educação é assumir uma responsabilidade muito mais pesada do que assegurar a cada um a capacidade de ler, escrever e contar. É garantir a toda criança o inteiro desenvolvimento de suas funções mentais e a aquisição de conhecimentos e valores morais correspondentes ao exercício de suas funções, até adaptação à vida social atual”.
Assinale a alternativa correta:
a) Piaget defende que esse direito não se restringe ao "pleno direito à educação", mas que esta seja uma educação de qualidade, e voltada para o pleno desenvolvimento da personalidade humana, levando em consideração a paz entre as várias nações.
b) Na Declaração Universal dos Direitos do Homem, é assegurado o pleno direito à educação e também é assegurado que os pais podem escolher o tipo de educação que desejam para seus filhos.
c) As alternativas A e B se completam e estão corretas
d) As alternativas A e B estão se completando mas não refletem o pensamento de Piaget
e) N.D.A.
2. No livro “Para onde vai a educação, Jean PIAGET incentiva a :
a) a prática do ensino deveria utilizar o método ativo, por meio do qual a criança vai reconstruir e reinventar,
b) ao método tradicional, onde os exercícios são feitos de maneira lógica e ordenada
c) não somente transmitir informações ao aluno, mas utilizar-se da prática dos métodos anglo-saxões, principalmente dos EUA, pelos quais a criança vai construir e reinventar
d) Imaginação da criança por meio do ensino quantitativo e da ginástica pedagógica
3. A educação não deve se prestar a moldar o aluno de acordo com um modelo condizente com as gerações anteriores, mas em formar-lhe a personalidade. Assim:
I a vida social entre os alunos, um autogoverno, onde eles próprios estabeleçam critérios
II o autogoverno, pode ser levado tão longe quanto possível e paralelo ao trabalho intelectual em comum,
III o autogoverno poderá conduzir a esse duplo desenvolvimento de personalidades, donas de si mesmas e de respeito mútuo.
IV verificou-se uma carência de professores, e a consequente necessidade de recorrer às suplências, daí resultando um problema de nível, nem sempre ainda resolvido.
a) somente a alternativa I está correta
b) somente a alternativa II está correta
c) a alternativa III está incorreta
d) a alternativa IV não fala de autogoverno, mas está dentro das preocupações do autor
e) todas as alternativas estão corretas
4. “Os métodos da escola tradicional conseguem formar com êxito, na criança e no adolescente, um raciocínio ativo e autônomo?
a) Sim: ao quantificar conteúdos programáticos, os métodos da E.T. levam a uma compreensão do todo pedagógico. Não importa se for esquecido depois de 20 anos, o que importa é que num determinado momento, ele aprendeu aquele conteúdo.
b) Não: Os partidários da escola ativa argumentam que conquistar por si mesmo certo saber com a realização de pesquisas livres, e por meio de um esforço espontâneo, possibilitará ao aluno a aquisição de um método que lhe será útil por toda a vida e aumentará permanentemente a sua curiosidade, sem o risco de estancá-la;
c) Não: Os partidários da escola ativa argumentam que conquistar por si mesmo um certo saber com a realização de pesquisas orientadas por meio de questionários
d) Todas as alternativas estão corretas
e) Todas as alternativas estão erradas
5) “A escola tradicional oferece ao aluno uma quantidade considerável de conhecimentos e lhe proporciona a ocasião de aplicá-los em problemas ou exercícios variados: Ela” enriquece” assim o pensamento e o submete como se costuma dizer, a uma” ginástica intelectual”, à qual caberia consolidá-lo e desenvolvê-lo.”
Qual a contraposição oferecida por PIAGET ao método da escola tradicional
a. a introdução de “roteiro de estudos” com questionários e interpretações de textos orientadas por questões objetivas de múltipla escolha.
b. a facilitação dos estudos por meio de questões objetivas, leitura e resumos de obras segundo roteiro pré-estabelecido.
c. pesquisa de temas variados, aulas expositivas e o estímulo para criação e elaboração de programa próprio de estudo.
d. pelo método ativo, onde a criança participa, elabora seu método, aguça sua criatividade e sua curiosidade.
e. as alternativas C e D estão corretas
6) Piaget recorda as velhas tradições anglo-saxônicas em matéria de aplicação pedagógica, reduzindo todo o conhecimento a uma aquisição exógena, baseada nos processos verbais e audiovisuais dirigidos pelo adulto.
Assim podemos afirmar:
a) para os pais é melhor uma educação tradicional.
b) os pais não compreendem uma educação ativa.
c) os pais não admitem autogoverno.
d) cabe aos professores mostrar a diferença e a produtividade dos alunos com a educação ativa. Como eles interagem entre si com o autogoverno. Os pais têm maior dificuldade em assimilar, mas isso não quer dizer que são contrários

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